Avião que caiu em Boa Viagem trouxe milhões para abastecer apoio a Haddad(PT), diz revista ISTOÉ

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Avião fez pouso forçado na cidade de Boa Viagem. — Foto: Luís de Sá, da Rádio FM Asa Branca, de Boa Viagem

A revista Istoé deste final de semana traz como destaque suposta operação encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de dentro da cadeia, para manipular apoio de caciques regionais nas eleições 2018. Segundo a revista, o esquema de Lula em prol do presidenciável Fernando Haddad (PT) atingiu o governador Camilo Santana (PT) e o candidato ao Senado Eunício de Oliveira (MDB), enfraquecendo Ciro Gomes (PDT).

Avião com R$ 6 milhões a bordo caiu em Boa Viagem. Mas os recursos chegaram no destino: a campanha de Weverton Rocha, PDT, cita Revista.

Conforme apurou ISTOÉ, um avião experimental Cirrus, da Vokan Seguros, a serviço da empreiteira CLC (Construtora Luiz Carlos), foi quem cuidou do transporte do dinheiro do Ceará com destino a São Luis. A CLC faz um trecho da BR-222, na região de Sobral (CE), uma obra do Ministério dos Transportes. No trajeto, percorrido no dia 14 de setembro, uma quase-tragédia: o avião acabou caindo com o dinheiro a bordo na cidade de Boa Viagem. Os recursos eram escoltados por um policial. Com o acidente, outros agentes foram ao local imaginando que a aeronave pudesse transportar drogas. Coube ao policial a bordo do Cirrus a tarefa de tranquilizar os colegas, dizendo-lhes que não se preocupassem com a ocorrência, pois ninguém havia ficado ferido. O dinheiro, contudo, chegou ao destinatário final, cumprindo os desígnios de Lula: a campanha do pedetista Weverton – convertido a empedernido cabo eleitoral de Haddad.

De acordo com Istoé, o esquema seria operado através de bilhetes que chegam às mãos de assessores de confiança, dentre eles o deputado federal José Guimarães (PT-CE). Conforme a revista, além de promessas de cargos no futuro governo do PT, Lula articula vantagens financeiras destinadas a irrigar as campanhas de quem entra na estratégia. Um dos focos seria ampliar a vantagem de Haddad no Norte-Nordeste do País.

Nesse processo, velhos parceiros que até então marchavam ao lado de Henrique Mereilles (MDB) ou de Ciro Gomes (PDT) foram procurados. Seriam ele Renan Calheiros (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE), Fernando Collor (PTC-AL) e o ex-senador José Sarney (MDB-MA).

Contra Ciro, Lula teria barrado apoio do governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), procurado por José Guimarães, a quem coube repassar-lhe a orientação de Lula: que ele passasse a se dedicar a Haddad. “Dino tem que deixar de apoiar Ciro”, ordenou o petista da cadeia, diz a revista. A mesma influência teria acontecido com o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), a quem foi dado R$ 6 milhões para deslanchar a própria campanha.

No Maranhão, Lula teria influnciado não só no apoio do deputado Weverton Rocha, como também na família Sarney. A revista relaciona o fato à estagnação de Ciro em 13% das intenções de voto e crescimento de Haddad.

No Piauí, Lula teria articulado, inclusive, a mudança de apoio do senador Ciro Nogueira (PP) que estava ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB).

Ceará

Ainda que seja terra de Ciro Gomes, o estado do Ceará não teria ficado imune às supostas interferências. Através do interlocutor José Guimarães, Lula teria mandado recado ao governador Camilo Santana, coligado ao PDT no Estado.

Afilhado político dos Ferreira Gomes, Camilo pedia votos também para Ciro no Ceará. Lula determinou, então, que se bandeasse para Haddad, diz a revista. Paralelamente, teria articulado com Eunício, aliado informal de Camilo, seu desembarque da candidatura de Meirelles, em prol do candidato do PT ao Planalto. Em visita ao Ceará, Haddad posou para fotos com Eunício, ainda que nacionalmente o MDB seja adversário.

No Ceará, outro articulador de Lula, Valdemar Costa Neto, ex-presidente do PR, teria oferecido R$ 2,4 milhões para cada candidato a deputado federal do PR que apoiasse Haddad, afirma a revista.

Quando Fernando Haddad foi oficializado candidato do PT, Ciro ocupava o 2° lugar nas pesquisas de intenção de voto. No entanto, o candidato do PDT estagnou entre 11% e 13% e Haddad chegou a 22%, atrás apenas de Jair Bolsonaro (PSL).

Arte: IstoÉ