Chuvas no Ceará estão na média esperada para todo o trimestre fevereiro–abril

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Açude do Castanhão, maior do Ceará (e do Brasil), está com 18,52% da capacidade total(foto: JÚLIO CAESAR)

Entre o dia 1° de fevereiro até essa quarta-feira, 20, o Ceará alcançou o acumulado de 456 milímetros (mm) de chuva, soma que se aproxima da média histórica para os três primeiros meses de quadra chuvosa do Estado,  de 510 mm. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que em janeiro previu 40% de chance de precipitações dentro da margem de normalidade.

A quadra chuvosa se estende ainda até o fim de maio, mês com médias menores que os antecessores. Em 2022, o período iniciou de forma tímida, com fevereiro ficando abaixo do esperado ao fechar em 64,5mm, ante a normal de 118,6 mm). Março, o mês de mais precipitação no Ceará, compensou, ficando 30% acima da média histórica e fechando com 265,7mm. Até ontem, às 18h43min, abril contabilizou 124,7mm dos 188mm de costume.

Apesar do resultado positivo, o diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Bruno Rebouças, mantém a cautela. “Estamos por volta de 30% (da capacidade dos açudes), porém essa distribuição (de chuvas) não é homogênea. A gente observa que a porção norte do Estado está em posição mais confortável, com bacias acima de 80%, como a do Acaraú, Coreaú, o Litoral. Em contrapartida, o Curu, o Banabuiú, o Alto Jaguaribe, o Médio (Jaguaribe) se encontra em situação de menor reservação”, lista.

Atualmente, 9 das 12 regiões hidrográficas do Ceará já atingiram margem dentro do esperado para o trimestre e outras três estão abaixo. O melhor resultado é na Metropolitana, 11% acima da média histórica, enquanto o pior é do Médio Jaguaribe, 36,6% abaixo.

Até a noite dessa quarta, os açudes do Estado acumulavam 33,5% da capacidade total, com 28 açudes em sangria, 10 outros com mais de 90% da água possível e 59 com menos de 30%. Apenas um dos três maiores açudes do Ceará supera os 20%. O Castanhão, no Médio Jaguaribe, tem 18,52%, o Orós, no Alto Jaguaribe, tem 43,86%, enquanto o Banabuiú, na região de mesmo nome, acumula só 8,31%. As marcas dos dois maiores são as mais altas desde junho de 2016 e outubro de 2014, respectivamente.

“Os maiores reservatórios enfrentam crise desde 2012. E mesmo de 2018 para cá, com chuvas um pouco melhores, eles não conseguiram reverter a situação crítica de amarzenamento. (…) Quando você olha, o Banabuiú está com menos água que o mesmo período do ano passado”, ilustra Bruno Rebouças.

Para a meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) Rafaela Gomes, o prognóstico de chuvas para o trimestre (fevereiro, março e abril), lançado em janeiro deste ano pelo órgão, segue sendo referência para prever os acontecimentos chuvosos. “O balanço completo só poderá ser concluído após o fim do mês de abril, mas considerando os dados parciais, podemos dizer sim que entramos dentro do esperado”, diz.

O prognóstico para o trimestre indicava 40% de probabilidade de chuvas acima da média, 40% em torno dela e ainda 20% de chances de precipitações abaixo da normal climatológica. O principal sistema físico responsável pelas alterações é a zona de convergência intertropical.

Zona de convergência intertropical
A zona de convergência intertropical é principal sistema responsável pela pelos acumulados de chuva na quadra chuvosa. Principalmente no Centro-Norte do Estado.

Esse sistema consiste em uma faixa de nebulosidade que vai circulando todo o Globo. E, durante esse período de fevereiro a abril, essa faixa vai se deslocando para o sul, abaixo abaixo do Equador. Esse deslocamento traz, além da nebulosidade, precipitação.

“Mesmo essa faixa estando um pouco acima da faixa litorânea do Ceará, ela pode fazer com que se propaguem dela algumas zonas de instabilidade”, explica a metrologista Rafaela.

Com informações do Opovo