Família de Banabuiú consegue registrar pais biológico e adotivo na certidão do filho; conheça a história

compartilhar no:
Da esquerda para direita: Adail José [pai biológico], Gustavo Anderson [filho], Marcílio Coelho [pai adotivo] e Maria Joelle [mãe]. [Foto: Arquivo pessoal]
 

A história de uma família em Banabuiú, Sertão Central cearense, evidencia o que o amor entre pai, ou pais neste caso, mãe e filho, é capaz de alcançar. Maria Joelle, a genitora, Marcílio Coelho, o pai adotivo, Adail José, pai biológico, e o filho, Gustavo Anderson, são exemplos de que o amor pode ser construído de forma saudável.
 
Tudo começou após a separação ente os pais biológicos de Gustavo, em 2003, quando ele tinha 1 anos e oito meses. Joelle nos conta que apesar do momento delicado, a separação foi amigável e tranquila. Quatro meses após o término, a mãe, até então solo, conheceu o seu futuro marido, Marcílio Coelho, que viria a ser o pai adotivo de Gustavo.
 
“O Gustavo logo criou uma afinidade com o Marcílio e eles desenvolveram um lado muito próximo. O Gustavo nunca deixou de ter contato com o Adail [pai biológico], mas o seu maior contato de criação e orientação foi com o Marcílio, meu marido hoje”, conta a mãe. Mesmo após separada, Joelle continuou mantendo uma boa relação com o pai biológico e a madrastra de Gustavo.
 
Maria Joelle conta ainda que sempre sentiu a necessidade de ter os dois pais reconhecidos perante à lei. “O Gustavo parece fisicamente com o Adail, mas as características de personalidade e comportamento são muito próximas do Marcílio”, revela. Com o desejo de ter o reconhecimento registrado em cartório, Marcílio, em 2017, quando cursava Direito, soube da lei de paternidade socioafetiva, que permite, legalmente, o reconhecimento voluntário da pais e mães por afinidade.
 
Sem filho biológico, Marcílio, casado com Joelle há 18 anos, entrou com a papelada no cartório no início de 2020, antes da pandemia. O caso ganhou o apoio de um amigo advogado da família que orientou em como proceder com a documentação e todos os trâmites legais.
 
“Quando a gente viu essa lei entrar em vigor, pensamos logo nessa ação para conseguir a guarda compartilhada. Não precisou de ação judicial ou entrar com advogado”, conta Joelle. A família contou com o apoio de toda a equipe do cartório de Banabuiú. “Com a pandemia, os trâmites demoraram, mas foi uma situação tranquila”, diz.
 
Com testemunhas e comprovação de dependência entre Marcílio e Gustavo, Joelle conversou com o pai biológico, que prontamente se dispôs a prosseguir com a ação. Com os documentos entregues e toda a burocracia resolvida, o novo documento de Gustavo Anderson chegou, agora com dois pais, uma mãe, três avós e três avôs. “O Gustavo, hoje, tem o Marcílio como pai, mas oficialmente. Agora foi oficializado esse ato que já era de amor e hoje é oficial no papel”, conta joelle, aliviada.
Para se comunicar com os dois pais, Gustavo, agora com 20 anos, chama Marcílio de ‘paim’, Adalil de pai, e de prontidão, ambos já conseguem diferenciar quando é solicitado pelo filho. “É uma coisa bem natural no nosso convívio de família, todo mundo acha interessante esse fato”, conta a mãe.
 
A trajetória da família é, além de curiosa, um bom exemplo de relação saudável entre pessoas que compartilham de um mesmo amor: ser pai ou mãe, e mais; de cuidar de alguém. “É uma história quase que inacreditável, mas ela é real, graças a Deus ela existe”.