Quixadá: a menina dos olhos do Sertão Central, comemora 150 anos de desenvolvimento

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Quixadá: conhecida pelos seus monólitos, a cidade cresceu em 150 anos (Foto: Morgana Bavaresco)

Quixadá: o maior município da região do Sertão Central cearense, comemora hoje 150 anos de emancipação política. No seu aniversário, Quixadá acumula múltiplas razões para comemorar, desde berço dos monólitos que roubam o olhar dos mais curiosos, até destaques atuais, como polo universitário de referência na região. O município cearense guarda uma parcela considerável da história do País pelos empreendimentos que guarda, e se configura como uma cidade de destaque.

Pedra da Galinha choca, um dos cartões postais de Quixadá

Lembrar dos 150 que comemora o município nesta data, é também lembrar que Quixadá compõe a história dos livros que lemos. Um dos feitos mais simbólicos foi a construção do Açude Cedro, feito sob ordem do então imperador Dom Pedro I para combater o período de escassez no estado. A obra teve peças de mármore que vieram importadas até mesmo de outro país. Triste, no entanto, é ver que atualmente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que administra o Cedro, não confira ao patrimônio o valor de conservação que ele tanto merece.

“A Barragem do Cedro, com sua parede em arco de alvenaria de pedra, foi a primeira grande obra hidráulica moderna do continente sul-americano. Ela incorporou o avançado progresso científico, tecnológico e do cálculo aplicado à engenharia civil à época. Projetada pelo engenheiro britânico J. J. Rèvy e construída por expoentes da nascente engenharia brasileira de formação politécnica, a barragem afirma-se como um exemplar excepcional do período entre a segunda metade do século XIX e início do XX. É uma das pioneiras obras do seu tipo e do seu porte no mundo”, descreve o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Seus monólitos são um detalhe à parte. A formação rochosa típica da cidade de Quixadá e que rodeia todo o território geográfico, de tão importantes além de atrativos, foram tombados pelo Iphan em 2004. O Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá tem o objetivo de assegurar a proteção deste tipo de formação rochosa que de tão importante, por sua raridade e singularidade, integra desde 2010 a Associação Mundial de Montanhas Famosas. São formações que viraram cartão postal como a famosa Pedra da Galinha Choca.

Quixadá também se destaca por ser berço das artes. É a terra de Rachel de Queiroz, a escritória que eternizou na memória dos cearenses, as lembranças do período mais difícil até hoje, gerado pela seca no Ceará no ano de 1915. Por suas palavras, o cearense mareja os olhos quando lê “O Quinze”, um tipo de texto fugaz que nos faz viajar e ter a noção do quanto foi sofrido aquele período. Hoje, a Fazenda Não me Deixes, localizada em Quixadá, forma uma espécie de memorial onde a população pode encontrar objetos e elementos que fizeram parte da vida de Rachel nos seus últimos anos vivendo em Quixadá.

A escritora quixadaense, Rachel de Queiroz

A arte quixadaense está, também, através do cinema. Vários filmes foram rodados na terra dos monólitos. A estréia veio com O Cangaceiro Trapalhão, pelo quarteto de comediantes homônimo, liderado por Renato Aragão. A película se passou no ano de 1983 e viria a ser, mais tarde, o ponta pé inicial para que outros filmes tivesse Quixadá como cenário. Os Trapalhões, por exemplo, voltariam a Quixadá anos depois para filmar a clássica cena do filme onde a Galinha Choca põe ovos de ouro que rolam os rochedos quixadaenses.

O misticismo também está imbuído no dia a dia quixadaense. A cidade é a mais famosa do Ceará pelos supostos casos de disco voadores que surgem para vários moradores. Um caso, em especial, é visto como um clássico pelos ufólogos de todo o país: o Caso Barroso. O agricultor aposentado teria avistado um disco voador e mantido contato com seres extra terrestres. Esse contato fora o responsável por uma série de fenômenos que vários médicos da época não conseguiam explicar: Barroso regrediu sua memória, deixou de falar e apenas balbuciava palavras como Papai e Mamãe, tal como bebês, e também deixou de aprender a andar.

Sede da Unicatólica: desenvolvimento no Sertão Central

O tempo se passou e Quixadá foi se desenvolvendo. Em alguns momentos, preservando traços do seu tempo, como o aspecto religioso, fortalecido por meio de importantes equipamentos como o Santuário Imaculada Rainha do Sertão, as questões inerentes à saúde materna, por meio do trabalho desenvolvido no Hospital e Maternidade Jesus Maria e José, entre outros. Hoje, o município é um dos maiores polos universitários do Sertão Central, abrigando universidade federais e instituições particulares de renome, como a Unicatólica.

Mas o crescimento e a modernidade trouxeram desafios que precisam ser superados: Quixadá também se notabilizou pelos índices crescentes de violência. A cidade não ficou imune ao fenômeno do crescimento das facções criminosas. Hoje em quantidade menor do que no passado, os homicídios são um capítulo triste desta história e sempre pertinente. Impossível esquecer da chacina que matou três policiais em 2016, deixando Quixadá em luto.

Quixadá é uma cidade memorável por vários aspectos. Como cidade grande, guarda, obviamente, seu ônus e seu bônus. Embora esteja situada no interior, não é mais a Quixadá da década de 80: hoje se tornou a menina dos olhos do Sertão Central, pujante, atraente e sempre em desenvolvimento. A saúde que queremos para Quixadá e vê-la sempre crescendo na direção certa, ampliando suas capacidades em torná-la uma cidade sempre melhor de se viver. Parabéns, Quixadá pelos seis 150 anos.