Campanha política sem fogos de artifício representa vitória para autistas e grupos de direito dos animais

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Defesa de associação de direitos dos TEAs comemora política sem uso de fogos em 2020 (Foto: divulgação)

A pandemia afetou tudo, até a política. Os tradicionais eventos como carreatas, passeios em grupo e os tradicionais comícios, tido como uma espécie de pesquisa eleitoral e um termômetro indicador da aceitação de um candidato a partir da multidão que reunia, este ano estão proibidos na maioria das cidades do Sertão Central. E além dos eventos, práticas intimamente ligadas a este período também ficam proibidas, como a queima de fogos, uma realidade com duplo impacto no cenário eleitoral.

De um lado, está os políticos que no fringir dos ovos das pesquisas e do boca de urna, sempre soltam fogos como um tipo de comemoração à parte. De outro, umm conquista entendida como vitória por parte de um grupo seleto da sociedade: os defensores das causas de crianças com autimos e dos direitos dos animais. Os fogos de artifício costumam trazem prejuízos enormes para essas duas categorias, e a proibição dos estalos luminosos no céu nesta época tem um significado grandioso.

A proibição de fogos de artifício em qualquer dia do período de propaganda eleitoral que já está em vigor e que vai até o próximo dia 13 de novembro, foi decretada nos municípios de Quixadá, Banabuiú, Choró e Ibaretama pela promotora eleitoral Gina Vilasboas em reunião com os representantes das chapas e agremiações partidárias essa semana. Algumas cidades tiveram considerada suas particularidades em termos de infraestrutura e poderão realizar algumas das iniciativas previstas na constituição, mas estarão impedidas de soltar fogos.

No fim do ano passado, vários vídeos compartilhados por grupos e associações de mães com crianças que possuem o Transtorno de Espectro Autista (TEA), mostrou cenas comoventes: em uma situação de pânico, as crianças choram e se esperneiam trêmulas com o barulho dos fogos. O problema acontece pois muitos indivíduos com TEA apresentam uma hipersensibilidade sensorial aos estímulos do ambiente. O fator é, inclusive, um dos critérios levados em conta na hora de fechar o diagnóstico. Um latido de cachorro ou uma buzina de caminhão, por exemplo, podem ser suficientes para causar pânico em crianças dentro desse espectro.

Crises de choro, momentos de medo, irritabilidade e outras reações imprevisíveis tornam necessários o uso de métodos para prevenir e amenizar os efeitos dos fogos. A hipersensibilidade sensorial pode ainda acometer outros sentidos. No caso do tato, a criança pode ter medo de texturas e evitar andar descalço na grama ou usar meias, por exemplo. Quando atinge o paladar, pode fazer com que o indivíduo coma apenas alimentos pastosos, ou só secos. No campo visual, luzes intensas também podem provocar essa sobrecarga sensorial, que acaba causando desconforto e até comportamentos agressivos nos autistas.

Os animais possuem um tipo de reação semelhante: latem desordeiramente, aperreados e ficam visivelmente assustados, o que levou já a realização de inúmeras campanhas promovidas por associações de animais afim de que esse tipo de iniciativa seja levada em conta com o intuito de garantir a proteção dos animais e os direitos que estes também possuam.

As restrições a esse tipo de conduta durante as eleições deste ano, por tanto, trazem ânimo e entusiasmo para quem possuem animais de estimação ou mesmo tem na família crianças com TEA. A desobediências às normas estipuladas em cada cidade promete ser apurada com rigor pelo Ministério Público, uma forma de garantir a ordem e a estabilidade do pleito. A cidadania terá um elemento mais forte este ano: o de garantir direitos, sem ferir os que as minorias já possuem.