Coluna Amadeu Filho: A saudade de Padre Vicente permanece no coração dos quixadaenses

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Padre Vicente: Gostar das pessoas o fazia bem feliz (FOTO: ARQUIVO)

A diocese da Terra dos Monólitos foi instalada em agosto de 1971 e seu primeiro bispo foi o piauiense Dom Joaquim Rufino do Rego. Foi o responsável pela vinda para nossa cidade do sacerdote, advogado e professor Vicente Gonçalves de Albuquerque, o Padre Vicente que mesmo tendo nascido em Acaraú dizia-se quixadaense, pois amou como poucos esta terra e as pessoas que nela habitam sem levar em conta motivos religiosos. Cultivou a amizade e a simplicidade sem jamais considerar o fato de alguém pertencer à determinada classe social ou por motivo de cor.

Conquistou grande estima por parte da população quixadaense, em especial, os mais jovens, pois sendo detentor de uma grande cultura sempre os orientou nas suas escolhas.  Nas missas que celebrava atraía a presença de seguidores de outras religiões que faziam questão de acompanhar seus sermões que transmitiam paz e reflexões. Jamais reagiu negativamente quando alguém o tratava como professor e, na verdade, lecionou História e outras disciplinas em vários colégios não só em Quixadá, mas em outras localidades onde atuou como padre, como por exemplo, Escola Técnica de Manaus e Instituto de Educação de Manaus, Cadeira de Ciências Políticas na Faculdade de Serviço Social de Campina Grande.

Foi diretor do Ginásio Valdemar Alcântara onde conquistou o carinho e respeito de pais e alunos. Era graduado em Filosofia, Teologia e Direito, mas jamais atuou como advogado pois ele mesmo afirmava que sua missão era estar próximo das pessoas e falar da importância de Cristo na vida de todos. Ordenou-se sacerdote no ano de 1954 em Itacoatiara, Amazonas e por dez anos seguidos exerceu a função de Vigário em Manaus a todos fascinando pela dedicação e atenção especial com as pessoas mais simples.

Também exerceu por algum tempo, o vicariato no interior do Amazonas, em Nova Olinda e Rio Madeira.

Quando cursava Direito Civil, em Campina Grande, foi Vigário no distrito de Galante. No ano de 1974 foi nomeado Vigário da Paróquia de São Sebastião, em Choro. Em 1983, vigário cooperador da Paróquia da Catedral de Jesus Maria José e no ano de 1985, Pároco em Choró onde realizou um grande trabalho junto a juventude local. Em 1986 foi nomeado Vigário Geral por Dom Rufino, sendo reconduzido pelo novo bispo da Diocese, Dom Adélio Tomasin e sempre exercendo sua missão com muita seriedade e dedicação.

Se achava um filho da terra dos monólitos e foi agraciado com o título de cidadão quixadaense no  ano de 1994, como um reconhecimento ao grande trabalho realizado na sua atuação religiosa e educacional. Simples, atendia com paciência a todos que o procuravam no conhecido Colégio do Padre e na maioria das vezes com uma gostosa gargalhada.

Parte interna do Colégio do Padre à época da direção do Padre Vicente (foto: arquivo)

Nos meus jovens anos, cheguei a trabalhar algum tempo com ele que me recebia desta forma “Já sei, tá com cara de quem precisa de dinheiro!” Quando ficou doente, sentiu-se muito triste por não mais ter condições de estar perto das pessoas que amava e claro, ser solidário como sempre foi com aquelas pessoas com mais necessidades de atenção.

No hospital São Mateus foi flagrado por diversas vezes com lágrimas nos olhos ao lembrar da Terra dos Monólitos, dos seus irmãos da igreja, dos colegas do magistério e de toda a comunidade que aprendeu a amá-lo. Quando recebia a visita de algum quixadaense, seus olhos pareciam com os de uma criança ao ver sua primeira árvore de natal.

Tornou-se cidadão do céu em 31.10.1995 e a notícia deixou os quixadaenses muitos tristes e foram vistas muitas pessoas chorando nas igrejas e em outros espaços. Uma intensa corrente de oração ocorreu por toda a terra dos monólitos e em outras cidades da região. Nas igrejas onde celebrou missas muitas orações, silêncio respeitoso e lágrimas.

Lembro ter presenciado o sofrimento de famílias e amigos se abraçando e chorando pela partida do querido sacerdote e amigo. O sepultamento aconteceu no Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza.

Padre Vicente esteve sempre perto dos amigos (foto: arquivo)

Em nossa cidade, eternizando o nome deste santo eleito pela população temos a Escola de Ensino Fundamental Padre Vicente Gonçalves Albuquerque, que funciona nas proximidades do Quartel da Polícia Militar.  Por ter buscado sempre alguma forma de ajudar a quem a ele recorria, por se sentir sempre feliz em estar próximo das pessoas, por nunca se achar superior aos outros e, em especial, pelo grande empenho na divulgação da palavra de Jesus, Padre Vicente continuará vivo em nossas lembranças.

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Autor

Amadeu Filho
Colaborador da RC
Colunista
Radialista Profissional