Por Gabrielly Frutuoso: Já dizia Chacrinha: “quem não se comunica…”

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Coluna Roda de Conversa: O Velho Guerreiro, Chacrinha, tinha toda razão: “quem não se comunica, se trumbica”. Há quem acredite que a eloquência é atributo exigido apenas de padres, políticos e professores, ou de outras profissões da moda como os coaches. Outros afirmam que curso de oratória é coisa para quem quer aparecer. Ledo engano.

Em poucas palavras, a oratória pode ser definida como a habilidade de falar bem em público. Não importa se esse público é uma grande plateia ou uma pessoa só. Comunicar é muito mais do que meramente pronunciar palavras. Um bom orador utiliza-se de dados, argumentos contundentes, recursos corporais e boas histórias para que os ouvintes se envolvam emocionalmente com determinada mensagem. A habilidade de comunicar bem pode ser desenvolvida a partir da vontade ou da necessidade do indivíduo. E não faltam ocasiões para aplicarmos os dotes da fala… reuniões de trabalho, discursos de formatura, negociações, vendas, encontros de família, apresentações na escola ou faculdade ou, ainda, nas temidas entrevistas de emprego. De nada adianta um currículo extenso se o candidato não conseguir discorrer de forma concatenada sobre suas aptidões e aspirações. É comum profissionais com excelentes currículos perderem promoções para colegas com bagagem inferior pelo simples fato de estes comunicarem melhor suas habilidades. Quem não se expressa satisfatoriamente perde em competitividade para galgar cargos mais nobres e pode estar fadado a ser um “tarefeiro” na vida profissional. Não adianta reclamar que o chefe não soube enxergar seus talentos. É você quem precisa saber expressá-los. Porta-vozes de empresas quando falham em apresentações colocam em jogo não só a própria credibilidade, mas a imagem de toda a corporação.

Estatísticas apontam que passamos, em média, três quartos da nossa vida ativa nos comunicando. Por mais tímida que seja uma pessoa e por mais que esta tente fugir de situações de exposição, em algum momento da vida, irremediavelmente, ela será confrontada ao crivo de uma plateia. Não há como escapar. E nessas horas é bom estar preparado. A verdade é que somos avaliados a todo instante pelo modo como nos comunicamos. Até quando não dizemos nada estamos a comunicar alguma coisa. Mesmo as conversas mais informais exigem de nós alguma habilidade, caso contrário, relacionamentos amorosos se desfazem e amizades ficam pelo caminho. Diz Padre Fábio de Melo: “tenho muito respeito pela palavra. A palavra tem o poder de construir ou destruir. O que você diz pode fazer muito bem a uma pessoa ou fazer muito mal.”

O ser humano é social por natureza. Se temos uma conquista, queremos compartilhá-la com alguém. Se enfrentamos um problema, precisamos de um ombro amigo para desabafar. Quando não dispúnhamos de TV ou celular, o passatempo predileto era conversar e contar boas histórias. Nos tempos de hoje, a menos que ocorra um apagão e provoque uma pane nos serviços de energia elétrica e internet, ninguém arrasta uma cadeira para sentar e conversar com o vizinho. O fato é que pessoas boas de papo são sempre bem-vindas nas rodas de amigos. Na hora da conquista, quem domina a arte de comunicar bem quase sempre é um sedutor irresistível e uma companhia agradável para um jantar a dois.

Uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia indica que as expressões corporais são responsáveis por 55% da comunicação, já a linguagem verbal impacta 38% da mensagem a ser transmitida e somente 7% diz respeito ao conteúdo do orador durante uma apresentação. Isso não significa que conteúdo não seja importante. Na verdade, se o comunicador não souber como transmitir tudo o que sabe com sua plateia, é provável que o público não se dê por satisfeito. Um advogado ou um professor que não se expressam bem correm o iminente risco de serem tomados por medíocres, embora sejam guardiões de muito conhecimento. Para não deixar dúvidas sobre a importância da comunicação em nossas vidas, tomo de empréstimo um pensamento do filósofo grego Aristóteles: “A habilidade de expressar uma grande ideia é tão importante quanto a capacidade de elaborar a própria ideia.” Se a comunicação não vai bem, cuidado para não “se trumbicar.”

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Autora

Radialista Gabrielly Frutuoso