As previsões empíricas iniciam no sábado dia 12 e terá a participação de 35 profetas.
Homens com pouca leitura, porém com um conhecimento que tem desafiado até mesmo os cientistas que usam as tecnologias para preverem a quadra invernosa no Estado do Ceará. Todo segundo sábado do mês de janeiro de cada ano, há uma colisão de sabedoria, uma é empírica, sendo as usadas pelos famosos “profetas da chuva” e a outra é baseada nos estudos científicos e tem ao seu lado equipamentos tecnológicos de última geração. O XVII encontro dos Profetas Populares será realizado excepcionalmente em três dias e terá inclusive interação com o público.
Na sexta, 11/01, ocorrerá na Fundação Cultural de Quixadá o tradicional “Encanta Quixadá 2013”, onde violeiros do Ceará farão apresentação a partir das 20h. No sábado, 12, o evento que terá novamente repercussão nacional iniciará às 9 horas no Parque de Exposições Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos do Estado do Ceará –Acocece, às 19h será realizado um Seminário sobre Convivência no Semiárido.
A inovação desse ano será no domingo, 13, na Acocece onde ocorrerá às 10h um bate papo com profetas e avaliação com o público presente; 12 horas – encerramento – apresentação de Reisado Boi Coração da Localidade de Boa’agua (Quixadá).
Apesar do termo “profetas”, eles não se tomam como místicos ou adivinhos. São observadores da natureza e a partir disso, montam previsões acerca das probabilidades de chuva no Ceará. Um bom inverno, como é conhecido à estação chuvosa nesta região, é fundamental para a sobrevivência de milhares de sertanejos. Evidentemente, novas tecnologias e outras transformações sociais deslocaram um pouco os profetas da centralidade na comunidade. No entanto, o que nos interessa pensar aqui é a posição subjetiva deles frente aos impasses da vida, por vezes materializados nas tragédias cotidianas que a seca (ainda) impõe aos nordestinos mais pobres. Suas previsões servem, na verdade, como farol para o sertanejo guiar decisões que articulam questões práticas do dia-a-dia a enigmas do viver. Nos dois casos, é uma relação bastante difícil. Ambos canalizam para si uma grande ansiedade coletiva. Só que a meteorologia não administra bem essa ansiedade, porque não comunica de forma clara o que faz e o que se pode esperar dela, então as expectativas da população acabam sendo pautadas pelo discurso profético. Se um profeta diz que pode prever exatamente o dia em que vai chover, espera-se que a meteorologia faça o mesmo.
O 17º encontro dos Profetas Populares é realizado pelo Instituto de Pesquisa de Violas e Poesia Cultural Popular do Sertão Central, que tem como presidente o empresário João Soares de Freitas, relembra como eram realizadas as reuniões “agente se reunia só com alguns amigos e começava a falar do inverno, foi então que surgiu a ideia de realizar um encontro formal no ano de 1996”. 35 profetas já confirmaram presença neste encontro, eles são de vários municípios da região do Sertão Central.
Edição: Erika Félix
